sábado, julho 28, 2007

sábado, julho 14, 2007

quinta-feira, julho 12, 2007

Marquito Processou Deus!!!


Deus é processado por quebra de contrato

Uma ação legal contra Deus foi arquivada na Romênia porque os promotores não conseguiram encontrar o endereço do acusado, desistindo do caso. Pavel Mircea, da cidade de Timisoara, que cumpre sentença de 20 anos de prisão por assassinato, inicou processo contra Deus há dois anos.

"Deus e eu fechamos um contrato quando eu fui batizado e Deus não respeitou sua parte no acordo", diz o texto do processo, segundo o site Ananova. "Ele deveria ter me protegido do mal em vez de dar-me a Satã, que me encorajou a matar".

Mircea ainda pede compensação financeira por todo dinheiro que gastou em velas e serviços da Igreja, que também não o ajudaram. Mas os promoters decidiram largar o caso depois de dois anos. "Não conseguimos encontrar o endereço de Deus. Ele não tem casa", disse um porta-voz.


* Duvida da veracidade? Dê uma olhada na reportagem clicando aqui!

terça-feira, maio 22, 2007

E foi ai que eu respondi...

25 para comprar drogas?


Toma em dolar que o câmbio tá baixo!
Viva as flores de maio!

terça-feira, abril 10, 2007

E foi aí que eu disse...


"Papai, me dá 25 centavos?!"

terça-feira, abril 03, 2007

Normal


Eu tenho medo de andar na rua

De manhã quando tem gente normal

Eu tenho medo de gente normal na rua

E cedo isso é muito natural


Gente normal olha desconfiada

E não diz as horas pra ninguém

De manhã, pessoas quase sempre emburradas

(eu tenho medo de encontrar alguém)


Eu tenho pânico de gente chata

Gente normal na rua é geralmente assustador

Mas pior que ver gente normal na rua

É encontrar gente normal no elevador


De perto todo mundo é esquisito

De longe tudo é falso e tão normal

De perto quase ninguém é tão bonito

De longe isso é um problema social


Pedi informação pruma pessoa

E essa pessoa certamente era normal

E como normalmente acontece

Recebi uma cara feia usual


Será então a causa o meu cabelo?

Ou todo meu conjunto visual?

Eu penso, muitos vezes, é meu cheiro!

(malucos quase sempre cheiram mal)


Mas e se eu tivesse um perfume francês?

E se meus olhos não estivessem tão vermelhos?

Talvez passasse como um bom burguês

Talvez quebrassem todos meus espelhos


Eu tenho medo de gente normal

E gente normal tem medo de mim

São medos, entretanto, diferentes

Normal, se isso não fosse tão ruim...

quarta-feira, março 21, 2007

A Pagada

Certo dia, a lépida faxineira da casa do pequeno Brian, 3 anos, já se aprontava para os desfechos finais da sua estadia semanal: lavava-se, penteava os longos cabelos, prendia-los para manter a discreção, e andava pela casa, cabeça arreada, silenciosa, esperando pacientemente que alguém criasse vergonha na cara e pagasse sua féria.

"A mamãe precisa pagar a Zilma!". "O Brian apaga!", replicava o pequeno tirano, na já habitual terceira pessoa . Entre obras e obras, por um instante mamãe se viu distraída com outros afazeres anteriores ao pagamento da diária que devia. Passou o dinheiro ao pequeno tirano, que insistia indelével enquanto se afastava da mãe: "Eu quero apagar a Zilma!". Lépido, o pequeno desapareceu.

"Cadê a Zilma?!?", indagou momentos depois uma mamãe atribulada e ansiosa.
"Já apaguei a Zilma..." respondeu Brian. "Já foi."

Cética, mamãe checou a informação prestada pelo pequeno.

Às 18hs do dia 21 de março de 2007, tendo recebido sua diária pelos serviços de limpeza prestados das mãos de um menino de 3 anos de idade, Zilma iniciou sua jornada de retorno para Nova Iguaçu. Apagada.

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Duas Ervilhas

Clique no link e engula-as nesse excelente curta vencedor do Anima Mundi 2006.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Ampulheta

Mas afinal,
o que se passa com a forma como o tempo passa?
E como pode ser diferente o tempo,
se o tempo é o mesmo para toda gente,
se gente vive no tempo
(ainda que não só no tempo presente)
e se viver é passar para matar,
enfim,
a vida e o tempo,
que continua a passar
mesmo já tendo se passado uma vida?
D. L.

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Declarações do Deputado Federal Pandemia

“Eu nunca dei a minha bunda pra ver o pau entrar”.

“Nunca foi título de nobreza dar o rabo!”

HOMENS: “Quando você pega o peito da mulher e espreme para fazer uma espanhola, é agradável? Deve ser. É excitante? É! Então faça com outra mulher, não com a sua, porque dali vem o colostro que vai alimentar o seu filho. Ali não é lugar de pôr o pau. O problema é que quando o homem casa com a mulher, ele casa por várias razões. No começo, pimba, faz legal, tudo direito porque está no começo. Só que depois que ela tem filho, a mãe vira uma santa, porque ele já tá enjoado, aí quando ele come, come papai-mamãe, aquela coisa horrorosa. Resultado: tudo que é excitante ela sabe, mas aí ela fica mal fodida e morre de câncer. De câncer no seio. Pense só numa mulher de subúrbio que deita com um homem na cama com chulé, peida debaixo do cobertor, arrota, faz tudo com aquela coitada que não pode se manifestar, senão ele vai pra televisão, fala que ela tá dando pro padeiro e mata ela. Não é isso?”

MULHERES: “Mas lógico que eu conheço muitas mulheres que vivem sozinhas e que não dependem de ninguém. Não são felizes, porque ninguém é feliz nesse mundo, mas pelo menos são independentes e não dependem de homem.Ao contrário, usam o homem como uma garrafa deveria usar o homem: só como uma rolha”.

MÍDIA:
“[Estou cansado] Da falta de qualidade... Uma moça como a Daniella Cicarelli faz um filme pornô na praia, combinado, e a mídia acha que aquilo é inusitado...Vocês acham que a vaca da Cicarelli é só aquilo? Nunca mostraram o outro lado dela! “Ah, mas esse é o lado que interessa, o bundão o bocetão”. É a mídia que faz tudo. Antigamente era uma honra escrever no jornal. Hoje em dia o jornal via pra carne de açougue em subúrbio e para a bunda de operário...Eu não deixei de dizer que a Cicarelli é uma piranha, mas quem fez essa piranha? A mídia!”

HUMOR: “O que é o humor hoje? É transformar aquela coisa grande que morreu lá na Europa, o Bussunda, em arauto de uma coisa filosófica e política. Ah, vai se comer, né, malandro? Não tem nada a ver”.

CIDADANIA: “Quando algúem diz que votou em mim, eu digo “muito obrigado, agora quero saber o que você vai fazer agora”. Aí eles dizem “quem vai fazer é você!”. Eu digo “não...”. Não posso fazer nada sem ser ajudado, assim como não posso tocar punheta sem pensar em alguém”.
Clodovil Hernandez, deputado federal de São Paulo, eleito pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC). Trechos extraídos de entrevista concedida a Ulisses Mattos e Silvio Lach, para Revista M..., no.1.). No link, propaganda protagonizada pelo ilustre deputado que a Suvinil não vai passar.
OS CLASSIFICADOS
INCLASSIFICÁVEIS
DO
PANDEMIA
(# 02)

* procurando por............... sexo

1) Paróquia de Cidade Interiorana: procuramos por novos coroinhas dispostos a entregar sua vida ao Senhor, isto é, ao Sr. Padre Paulo Oco. Garantimos uma vida saudável, entregue aos votos divinos, inclusive depois da meia-noite. Instalações humildes, relativamente escuras, protegidas por câmeras de segurança que garantirão aos padres horas e horas de penitência extra. Oferecemos vinho e sabonete. Importante: não mencionar nada ao Cardeal.

2) Vídeo Produtora Internacional: selecionamos criancinhas lindas com até 8 anos de idade para participação exclusiva no novo videoclip do artista pop Michael Jackson. Não serão aceitos candidatos cujos pais possam pagar advogado. É imprescindível disponibilidade para viajar até a residência do cantor e lá permanecer por, no mínimo, 2 meses. Todas as despesas cobertas. Oferecemos mais 200.000 dólares se o próprio Michael puder dar banho em seu filho.

3) Partido de Direita para Sadomasoquistas: recrutamos novos correligionários ou simplesmente cidadãos dispostos a vender seu voto. Construiremos uma praça para você que é da cidade e acabaremos com a seca no nordeste para você que é paraíba. Dispomos de roupas de couro diversas, chicotes, dildos e consolos. Não trabalhamos com vaselina. Junte-se à nós e poremos no seu devido lugar.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Livros, Discos e Sei Lá Mais o Quê # 07



Livro indicado: O Perfume - história de um assassino


É muito comum ouvir falar por aí que uma imagem vale por mil palavras. Contudo, algum de vocês já parou para se perguntar quantas palavras são necessárias para compor um único cheiro? Pois bem, foi essa a missão quase impossível a que se propôs, com bastante êxito, o escritor alemão Patrick Süskind, no seu primeiro romance O Perfume, publicado pela primeira vez na forma de folhetim pelo jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung e, mais tarde, já como livro, em 1985.



O livro narra a história de Jean-Baptiste Grenouille e revela, assim, a trajetória de um estranho jovem, rejeitado pela mãe, pelas amas-de-leite, pelos colegas do orfanato e demais cidadãos da fétida Paris do século XVIII. Porém, Grenouille guarda um segredo que lhe retira do imenso grupo de homens e mulheres à procura de sua própria identidade e se distingüe dos demais seres humanos por duas características muito peculiares: ao mesmo tempo em que não possui cheiro algum, sua capacidade olfativa transcende qualquer limite imaginado pelo mais engenhoso dos homens. Os caminhos que percorre nosso inusitado protagonista, levam-nos ao epicentro das paixões humanas e, ainda que deste conteúdo sirvam-se variadas obras da literatura universal, é impressionante a capacidade do autor em traduzir, sob a restrita forma das palavras, toda uma rede sensorial baseada no olfato, que leva seu leitor a uma experiência literária singular e salutar. Confiram o trecho abaixo:



"Na época de que falamos, reinava nas cidades um fedor dificilmente concebível por nós, hoje. As ruas fediam a merda, os pátios fediam a mijo, as escadarias fediam a madeira podre e bosta de rato; as cozinhas, a couve estragada e gordura de ovelha; sem ventilação, salas fediam a poeira, mofo; os quartos, a lençóis sebosos, a úmidos colchões de pena, impregnados do odor azedo dos penicos. Das chaminés fedia o enxofre; dos cortumes, as lixívias corrosivas; dos matadouros fedia o sangue coagulado. Os homens fediam a suor e a roupas não lavadas; da boca eles fediam a dentes estragados, dos estômagos fediam a cebola e, nos corpos, quando já não eram mais bem novos, a queijo velho, a leite azedo e a doenças infecciosas. Fediam os rios, fediam as praças, fediam as igrejas, fedia sob as pontes e dentro dos palácios. Fedia o camponês e o padre, o aprendiz e a mulher do mestre, fedia a nobreza toda, até o rei fedia como um animal de rapina, e a rainha como uma cabra velha, tanto no verão como no inverno. Pois à ação desagregadora das bactérias, no século XVIII, não havia ainda sido colocado nenhum limite e, assim, não havia atividade humana, construtiva ou destrutiva, manifestação alguma de vida, a vicejar ou a fenecer, que não fosse acompanhada de fedor".

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Declaração Inédita de Carlos Lacerda! (direto dos arquivos da UnB)

"No século vinte e um, a linguagem da esquerda radical, na periferia do capitalismo, será deveras mística. Jesus será uma referência fundamental; o pai fundador de uma ética cristã renovada, solidária e orientada por valores de justiça social. Os evangélicos falam hoje a política de amanhã." (Carlos Lacerda)

segunda-feira, janeiro 29, 2007


Ismália
(Alphonsus de Guimaraens)

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Livros, Discos e Sei Lá Mais o Quê # 06


Sei Lá Mais o Quê indicado: Dancem macacos, dancem

O pequeno vídeo produzido por Ernest Cline, "Dancem macacos, dancem" é, sem exageros, uma obra prima da simplicidade. Contando apenas com imagens retiradas do Google e um texto, ele consegue elaborar uma análise crítica do macaco homem e suas pretensões de não sê-lo. A trilha sonora fica a cargo da The Penguin Cafe Orchestra, que dá o tom dramático na execução de "Music for a Found Harmonium", realmente emocionante. Para conferir o vídeo, é só clicar no hyperlink acima. (Dlyra tem a transcrição completa para os interessados)

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Sala de Espera de um Analista





Do cigarro que não pude fumar.










Da companhia que não pude desfrutar.











Volver.
















Agora preciso ir.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

OS CLASSIFICADOS INCLASSIFICÁVEIS
DO PANDEMIA # 01

* Procurando por: .......... degradação humana

1) Grande Emissora Televisiva: Trocamos parte de sua dignidade por uma aparição na TV. Aceitamos todo o tipo de autodegradação. Não damos almoço. Tratar com o Sr. T. Botelho Pinto, horário comercial, fone: 3171-6900. Não nos responsabilizamos pelos objetos deixados no local.

2) Grande Instituição de Ensino: oferecemos nossos serviços de formação com alta tradição e professores renomados para jovens inteligentes e criativos dispostos a abrir mão de sua inteligência e criatividade. Garantimos nossa perpetuação intelecto-vampiresca-institucional enquanto cuidamos de prepará-lo para se tornar um gabaritado medíocre-pedante. Carteirinha de estudante gratuita no ato da matrícula.

3) Grande Revista "Politizada": VEJA nossa incrível oferta! Vendemos assinatura de revista altamente parcial e conservadora, sem escrúpulo ou compromisso outro que não o de estravasar a angústia patética e rancorosa de gente abestada. Gratuitamente você recebrá em sua casa, junto com a revista, um conjunto de idéias alienantes que, provavelmente, lhe transformará em um idiota convicto de que se encontra no ápice do seu exercício crítico-reflexivo. Também nas bancas, bem à sua direita, sem descuidar da retaguarda...

4) Grande Cineasta Militante: procuro pobres autênticos dispostos a encenar o meu olhar sobre a pobreza. Trataremos todos com falsa dignidade e simpatia condescendente. Fingiremos não haver diferenças. Escovamos seus dentes e reembolsaremos o valor da passagem (no max. 4 conduções ida/volta). Privilegiamos histórias de vida com o tema "dor e superação e novamente dor". Ed. Quartier, sl. 1002, Ipanema.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Livros, Discos e Sei Lá Mais o Quê # 05


Disco Indicado: Gilberto Gil Ao Vivo - 1974
Gravado em outubro de 1974 durante um show do cantor em São Paulo, o álbum Gilberto Gil Ao Vivo é um daqueles discos imperdíveis e ligeiramente desconhecidos com o qual temos que nos deparar algum dia. Neste álbum, onde a capacidade criativa de Gil parece transbordar em cada faixa, encontramos uma mistura de sons e ritmos variados - como rock, baião, maracatu, xote, bossa nova e samba - executados por músicos de primeira linha que garantem um resultado final impecável. Vale muito a pena ouvir o disco inteiro, mas se faltar tempo ou oportunidade, não deixe de conferir João Sabino, Abra o Olho, Menina Goiaba e Herói das Estrelas. Ah, o álbum conta ainda com 5 faixas bônus, com destaque para Copo Vazio - dedicada ao compositor Chico Buarque - e Cibernética, sambinha espetacular introduzido com uma história impagável de Gil. Até a próxima e fiquem com:

Abra o olho
Ele disse: "Abra o olho"
Caiu aquela gota de colírio
Eu vi o espelho
Ele disse: "Abra o olho"
Eu perguntei como é que andava o mundo
Ele disse: "Abra o olho"
O telefone tocou
Soando como um grilo de verdade
Eu ouvi o grilo
O grilo cantando
Tava eu no mato de novo
No mato sem cachorro
Eu pensei: "Tá direito?"
Que eu nunca tive cachorro ao meu lado
Ele disse: "Abra o olho"
Eu disse "aberto", aí vi tudo longe
Ele disse: "Perto"
Eu disse: "Está certo"
Ele disse: "Está tudinho errado"
Eu falei: "Tá direito"
Eu falei: "Tá direito"
Tudo numa gota de colírio
Ele disse: "É delírio
Navegar nas águas de um espelho"
"Meu nego, abra o olho"
Ele disse: "Abra o olho"
Ele disse: "Abra o olho"
Com aquela sua voz suave, amiga e franca
Eu falei "tá direito" de olho fechado e gritei:
"Viva Pelé do pé preto
Viva Zagallo da cabeça branca"
Livros, Discos e Sei Lá Mais o Quê # 04
Livro indicado: Entre Quatro Paredes
Retrato do pensamento filosófico de Jean Paul Sartre, o livro Entre Quatro Paredes é, na verdade, a segunda peça teatral do escritor, produzida pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial. Nesta obra que caracteriza a filosofia existencialista de Sartre, um homem e duas mulheres, com personalidades contrastantes, vão para o inferno e lá descobrem sua confusa expiação: condenados a passar toda a eternidade lado a lado, na mesma sala, sem recurso outro que não suas próprias individualidades. Surpresos e, até certo ponto, aliviados em saber do inferno tão só uma sala vazia onde teriam que conviver eternamente com os companheiros, logo eles decobririam, para seu desespero, que seu padecimento implicava suportar o pior de si mesmos. E é do reflexo de suas próprias fraquezas, estampadas no olho alheio, que os personagens chegarão à célebre frase que imortalizou o livro: o inferno são os outros. A obra revela muito sobre a condição humana e possui virtudes ímpares no contexto da literatura moderna, sobretudo pela extrema sensibilidade do autor - que se mescla, em mais de uma ocasião, com uma espécie de olhar cítrico sobre o homem e suas tolas convicções a respeito de si mesmo. Segue o trecho:
"Vão ver como é tolo. Tolo como tudo. Não existe tortura física, não é mesmo? E no entanto estamos no inferno. E ninguém mais chegará. Ninguém. Temos que ficar juntos, sozinhos, até o fim. Não é isso? Quer dizer que há alguém que faz falta aqui: o carrasco... Não serei o carrasco de ninguém. Não lhes desejo mal, e nada tenho que ver com as senhoras. Nada. É muito simples. Vejam só, cada qual no seu canto; esse é que é o jogo. A senhora aqui, a senhora ali, eu lá. E silêncio. Nem um pio. Não é difícil, não é mesmo? Cada um de nós tem muito que se incomodar consigo mesmo. Acho que eu seria capaz de passar dez mil anos sem falar."